Você já ouviu falar sobre a doença do silicone? Esse é um termo que vem sendo cada vez mais utilizado por especialistas para descrever uma ou mais complicações que podem surgir após as operações de implantes mamários.
De fibrose, a qual pode provocar a ruptura do implante, as dores no corpo, fadiga e depressão, as complicações vêm sendo estudadas e já temos algumas respostas que podem, principalmente, auxiliar na escolha de qual implante utilizar.
Mais liso ou mais rugoso?
Antes, lá no começo, quando os primeiros implantes eram realizados, o mais comum era o uso de peças lisas – muito lisas, inclusive, porque acreditava-se que era melhor uma superfície lisa. Hoje, em sentido contrário, a preferência tem sido por implantes rugosos, com pequenas imperfeições em sua superfície.
Essa mudança, ainda que possa parecer estranha, é resultado de análises e estudos desenvolvidos após o aparecimento de complicações.
A conclusão foi essa: a rugosidade reduz os riscos de desenvolver fibrose, uma resposta do próprio sistema imunológico ao corpo estranho (é bom lembrar que o implante é identificado pelo organismo como um corpo estranho, o qual precisa ser combatido).
Com a conclusão no horizonte, especialistas passaram a buscar qual seria a rugosidade ideal e chegaram ao número de 3,2 micrômetros. Ou seja, a milésima parte de um milímetro. É uma rugosidade muito pequena. Muito pequena mesmo!
É o suficiente para evitar a formação de novos tecidos como cicatrizes, as fibroses, que apertam o implante e podem causar dores e desconforto. Em casos extremos, o implante é deslocado e as complicações são maiores.
Doenças do silicone
O desenvolvimento de fibrose não é, como indicado no começo do texto, o único problema que pode surgir após o implante.
Em alguns casos, pessoas que realizam o procedimento passaram a relatar dores articulares, que podem estar relacionadas à resposta que o sistema imunológico produziu – lembre-se que o organismo estranha em um primeiro momento o implante.
Em outras palavras: a depender da intensidade dessa resposta imunológica, o organismo passava a atacar outros tecidos, não necessariamente os implantes, desencadeando as dores nas articulações.
Algumas pessoas chegaram a relatar alterações no funcionamento intestinal, perda de disposição, com sensações de cansaço, e eventualmente o desenvolvimento de quadros leves de depressão.
Linfoma e implantes muito rugosos
Uma outra complicação que foi identificada é o desenvolvimento de linfoma das células T. Responsável por provocar alterações no tamanho e formato das mamas após o implante, esse tipo de câncer, de acordo com especialistas, não é grave na maior parte dos casos, e pode ser resolvido através de intervenção cirúrgica.
Ao ser estudo, percebeu-se a relação entre implantes muito rugosos e o desenvolvimento do câncer. Nos Estados Unidos, para termos uma ideia, a agência reguladora, FDA, promoveu um grande recall de implantes.
Foram inúmeras pessoas que tiveram os implantes muito rugosos trocados por outros menos rugosos. E por lá, nos EUA, tudo indica que haverá uma lei determinando quão rugoso o implante deve ser.
A medida, é bom lembrar, é aquela de 3,2 micrômetros.
Em implantes que respeitam esse valor, a atividade do organismo para promover a cicatrização é menor. Numericamente, um estudo desenvolvido no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, identificou a redução de 70% na atividade de macrófagos, as células que dão início ao processo de cicatrização.
Com uma atividade menor, os riscos de desenvolver fibrose e, por consequência, outras complicações, são menores.
Regulação é a melhor solução?
Os estudos sobre as complicações após a realização dos implantes chamam a atenção para a questão da saúde de mulheres e outras pessoas que realizam esses procedimentos e, ao mesmo tempo, abre espaço para a discussão sobre a regulamentação do tipo de implantes.
As agências reguladoras devem determinar quão rugoso o implante deve ser?
Talvez não haja, no momento, uma resposta correta e certeira a não ser essa: mantenha o diálogo constante com um especialista, procure entender todas as características do implante, conheça seu corpo e, após a cirurgia, mantenha o cuidado de si e a rotina de exames em dia!
Conhecimento e prevenção são as melhores ferramentas!
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